sábado, 24 de março de 2012

valsa dos vermes

o som se fez presente enquanto passos ébrios guiavam em retumbante harmonia, desprezos e desgostos, como se em nada o forçassem a dizer. outras que fossem, ditas como bocas de tantos, putas e postes de luz. urinou e sorriu ao espelho d'água. o que fazes aqui? retrucou. nada. respondia a si mesmo, tentando não forçar mais um gole de fogo que lhe descia ardendo em garganta. o fim que levaram ele e razão tomaram rumos opostos em ruas de sangue e merda. olharam-se entreolhos. não me deixe em paz! o que pensar da fuga? escorado em destemidas extremidades do conforto e conformidade. saciou palavras, cuspiu e as engoliu como se catarro próprio em ânsia nem de fato presente o fizesse algum pudor. nu em pernas e sexo a camas e lençóis queimados. manchas vulgares de cigarros baratos em baile desesperado fraquezas como se presente o fosse e dia depois de hoje, importância a entender não estivesse em pretensões  eu tinha alguma coisa para dizer mas não lembro mais. conversava com o telhado. armações em madeira e argila e fungos que cresciam ordenadamente. azul cerúleo, diversos tons nuances. acorda-te. filho da puta, gritas em ouvido outro repetia. o que serás de mim? nós? digo... não teria que ser assim. quem somos? a virtude trazida por demônios foi apreciada em xícaras de café. pequenas doses diárias de auto afirmação ajudando-se a medos superar contagem de horas, os carneiros levados ao abate, ossos e lágrimas, sentir o frio corte de navalha afiada em garganta. correira a outro lado se em forças estivesse, músculos movem a direção oposta. correria em lentidão. a culpa desgastou as pequenas ranhuras por onde ar sugava. sugava esforçadamente. pacientemente esperava. rezou em terços e contos de fada, vestidos em gravatas e linho. acorda-te! o que mais seria senão um apartamento em vazio, televisor, paredes e sanitário. o cheiro do mijo ardia em nariz. pequenos demais eram os sabores da infância em doces diabéticos, caíram lhe dentes memoráveis. túmulos diziam o que fosse, merda lhe escapava de boca. boca do lixo e cadáveres. odiar um dia a próprio reflexo ao deixar vida em costas. virou-se a lado de outra face, desistindo do caminho que fosse. não terminara o começo e já se preocupou com o fim. história mal contada, pedaços pequenos. a escuridão tardia. a morte, um deleite suave e amistoso, abraça acaloradamente, conforta. conduziu carros e arados em beira de precipícios sem fim, fumaça e luxuria  o que diria das semanas em rezas. não poderia dizer nada. tem corpo mole, caminha flacidez e esconde em bolsos e remendos e farrapos a vontade de gritar pouca quantidade de rancores. não o fez. ao prazer carnal da solidão, fechou olhos em fora imundices. morte lhe apreciou taças e cheiros. toques.
em manhã lhe acordaram sentimentos a falta. andou. pouco se fazia importar. carregava a ombros e costas largas o vazio de tanto tempo disse. disse de boca para fora, com intestinos à mostra de todos, olhos que duvidavam de si mesmos. colocou-se roupas, óculos e dúvidas, partiu em nova descoberta. como fosse primeira vez em que tocasse a próprio corpo, espelho do que um dia a pouco lhe importavam as horas. que sentimento fosse, não lhe havia amor. apenas vazio. e de vazio colheu amargos frutos e confortou-se em saciedade pouca, a cada dentada, franzia testa e rosto de inteiro. nunca gostou daquele sabor amargo, mas acostumou-se a não reclamar de nada. perfeitamente obedecido e paciente. dia a dia em sua valsa sem sintonia. naturalmente crescido, reproduzido e braços abertos aos vermes que devoram a todos no final.


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