o som se fez
presente enquanto passos ébrios guiavam em retumbante harmonia, desprezos e
desgostos, como se em nada o forçassem a dizer. outras que fossem, ditas como
bocas de tantos, putas e postes de luz. urinou e sorriu ao espelho d'água. o
que fazes aqui? retrucou. nada. respondia a si mesmo, tentando não forçar mais
um gole de fogo que lhe descia ardendo em garganta. o fim que levaram ele e
razão tomaram rumos opostos em ruas de sangue e merda. olharam-se entreolhos.
não me deixe em paz! o que pensar da fuga? escorado em destemidas extremidades
do conforto e conformidade. saciou palavras, cuspiu e as engoliu como se catarro próprio em ânsia
nem de fato presente o fizesse algum pudor. nu em pernas e sexo a camas e lençóis queimados. manchas
vulgares de cigarros baratos em baile desesperado fraquezas como se presente o
fosse e dia depois de hoje, importância a entender não estivesse em pretensões eu tinha alguma coisa
para dizer mas não
lembro mais. conversava com o telhado. armações em madeira e argila e fungos que cresciam ordenadamente. azul cerúleo, diversos tons
nuances. acorda-te. filho da puta, gritas em ouvido outro repetia. o que serás
de mim? nós? digo... não teria que ser assim. quem somos? a virtude trazida por
demônios foi apreciada em xícaras de café. pequenas doses diárias de auto
afirmação ajudando-se a medos superar contagem de horas, os carneiros levados
ao abate, ossos e lágrimas, sentir o frio corte de navalha afiada em garganta.
correira a outro lado se em forças estivesse, músculos movem a direção oposta.
correria em lentidão. a culpa desgastou as pequenas ranhuras por onde ar
sugava. sugava esforçadamente. pacientemente esperava. rezou em terços e contos
de fada, vestidos em gravatas e linho. acorda-te! o que mais seria senão um
apartamento em vazio, televisor, paredes e sanitário. o cheiro do mijo ardia em
nariz. pequenos demais eram os sabores da infância em doces diabéticos, caíram lhe dentes memoráveis. túmulos diziam o que fosse,
merda lhe escapava de boca. boca do lixo e cadáveres. odiar um dia a próprio reflexo ao deixar vida em costas. virou-se a lado de outra face,
desistindo do caminho que fosse. não terminara o começo e já se preocupou com o
fim. história mal contada, pedaços pequenos. a escuridão tardia. a morte, um
deleite suave e amistoso, abraça acaloradamente, conforta. conduziu carros e
arados em beira de precipícios sem fim, fumaça e luxuria o que diria das semanas em rezas. não poderia dizer nada. tem corpo mole, caminha flacidez e esconde em
bolsos e remendos e farrapos a vontade de gritar pouca quantidade de rancores.
não o
fez. ao prazer carnal da solidão, fechou olhos em fora imundices. morte lhe
apreciou taças e cheiros. toques.
em manhã lhe acordaram sentimentos a falta. andou. pouco se fazia
importar. carregava a ombros e costas largas o vazio de tanto tempo disse.
disse de boca para fora, com intestinos à mostra de todos, olhos que duvidavam
de si mesmos. colocou-se roupas, óculos e dúvidas, partiu em nova
descoberta. como fosse primeira vez em que tocasse a próprio corpo, espelho do que
um dia a pouco lhe importavam as horas. que sentimento fosse, não lhe havia
amor. apenas vazio. e de vazio colheu amargos frutos e confortou-se em
saciedade pouca, a cada dentada, franzia testa e rosto de inteiro. nunca gostou
daquele sabor amargo, mas acostumou-se a não reclamar de nada. perfeitamente
obedecido e paciente. dia a dia em sua valsa sem sintonia. naturalmente
crescido, reproduzido e braços abertos aos vermes que devoram a todos no final.